13/08/2021 13:08:16
No final de 2020, a Universidade Federal de Goiás (UFG) deu início à pesquisa de monitoramento do coronavírus no esgoto da cidade de Goiânia-GO. Financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (FAPEG) e Ministério Público do Trabalho (MPT), o projeto passou etapas de otimização e, efetivamente, começou a ser monitorado a partir do dia 05 de maio de 2021, com a parceria da Saneago, que realiza a coleta das amostras de esgoto, e da Universidade Federal do ABC (UFABC), que desenvolveu o protocolo de preparo de amostra.
A pesquisa conta com uma equipe de aproximadamente 10 pessoas, incluindo professores e alunos de graduação e pós-graduação e é coordenada pela Química, Dra. Gabriela Duarte que explica a sua importância: “O monitoramento do esgoto permite avaliar indiretamente o aumento ou a diminuição da carga viral da Covid-19 de uma determinada população. A frequência de ocorrência de Covid-19 em uma comunidade pode ser estimada por meio da detecção do RNA do vírus no esgoto da comunidade e balanços de massa sobre a eliminação do vírus usando dados de vazão de esgoto e fluxo de população. Essas informações permitem ações de Vigilância Epidemiológica na prevenção e controle do Covid-19. Um Sistema de Alerta Precoce (SAP) eficaz pode ser usado para identificar os pontos críticos da Covid-19 e orientar a ação e a distribuição de recursos, incluindo estratégias de teste, rastreamento e preparação para o enfrentamento de surtos virais. Permite também avaliar o sucesso das intervenções.”
O monitoramento do vírus pelo esgoto é uma ferramenta de vigilância epidemiológica muito utilizada para rastrear patógenos em epidemias e pandemias, que começou a ser usada na década de 40, no enfrentamento da poliomielite, nos Estados Unidos. Assim, a UFG se dedicou em realizar rastreamento do vírus SARS-CoV-2 no esgoto da cidade de Goiânia, a fim de contribuir com os gestores da saúde do município, visto que, a carga viral no esgoto consegue antecipar, em média, em 2 semanas o aumento de casos, enquanto os dados clínicos podem apresentar um atraso, considerando que os portadores assintomáticos não realizam exames e os sintomáticos, em geral, levam um tempo entre início de sintomas e realização de testes. No entanto, todas as pessoas contaminadas eliminam o vírus no esgoto, relata a Dra. Gabriela Duarte.
As amostras estão sendo coletadas semanalmente pela Saneago, na Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Doutor Hélio Seixo de Brito, para onde é enviado cerca de 70% do esgoto da capital. Com isso, é possível correlacionar a análise epidemiológica do esgoto com os dados clínicos e, assim, estabelecer comparativos. Boletins semanais sobre a pesquisa têm sido divulgados no portal do MCTI.